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  • Foto do escritorDaniela Fernandes

Como fazer mudas de plantas adultas?

Você é daquele tipo de não resiste quando vê uma planta? Não importa onde está a planta: na rua, no mato ou na casa de alguém. E num impulso você pega, com autorização ou não, um pedaço.

Saiba como garantir que você pegou a muda da forma correta e que ela vai crescer lindamente na sua casa...



A maior parte das plantas se propaga de modo vegetativo (assexuado) através de mudas, mas como ocorre em biologia ... toda regra tem sua exceção. Então existem espécies nas quais a propagação é mais bem sucedida utilizando o produto da reprodução sexuada, as sementes (Ex. Beaucarnea recurvata - pata-de-elefante, Amaranthus caudatus – rabo-de-gato). Existem também outras formas de propagação vegetativa por estruturas específicas como bulbos (Allium sativum - alho), tubérculos (Ipomoea batatas – batata-doce), rizomas (Zingiber officinale - gengibre), estolão (Hedera helix - Hera) brotos (espécies de bromélias e agaves) e plântulas (Kalanchoe pinnata – mãe-de-milhares). Os bulbos, tubérculos, rizomas bastam ser enterrados e em pouco tempo irão dar origem a uma nova planta. Já os estolões, os brotos e as plântulas precisam ser plantados deixando as folhas já existentes para fora da terra. Em todos os casos, as condições adequadas de cultivo de cada espécie têm que se respeitadas. Mas afinal, como podemos fazer mudas de plantas adultas?



Vamos a um breve passo-a-passo para lhe auxiliar a ter êxito nesta tarefa.

- Escolha uma planta saudável que tenha folhas vistosas e íntegras, sem manchas ou pragas.

- Analise as condições de cultivo nas quais a planta está vivendo. Como é a incidência de luz, a temperatura, o tipo de solo, a nutrição e com qual constância precisa ser molhada. A forma como ela está vivendo já lhe dá dicas de como deve ser cuidada.

- Escolha a parte da planta que está mais cheia de ramos para retirar a sua muda com tamanho adequado, pois não queremos tirar o equilíbrio da planta-mãe e nem fazer com que ela morra.

- Verifique qual é o porte da sua muda: herbáceo, arbustivo ou arbóreo. Assim você pode prever onde vai plantá-la.

- Use o utensílio de corte correto para retirar a muda: tesoura de poda para galhos mais tenros e podão para galhos mais lenhosos e espessos. Muito cuidado ao realizar o corte para não esgarçar a região selecionada.

Existem várias técnicas diferentes para a obtenção de mudas. Portanto, quando uma espécie não se adéqua a um tipo pode-se tentar outro. Estas técnicas estão descritas a seguir.


 

Mudas a partir de estaquia de ramos, galhos, raízes e folhas

A estaquia é um método de propagação muito utilizado e não precisa de nada em especial para ser realizada. Diversas espécies de interesse comercial são propagadas dessa forma, porque em muitos dos casos são pouco férteis ou porque raramente produzem sementes.

Para obter mudas por estaquia de ramos é preciso cortar um fragmento contendo um ápice sem flores, apresentando no mínimo quatro nós com folhas - região onde ficam as gemas de onde nascem folhas e novas raízes - e de preferência que seja menos lenhoso, isto é menos rígido e ainda verde. É preciso reduzir a área com folhas para minimizar a perda de água por evaporação o que costuma a ser um dos pontos mais críticos no sucesso das mudas.

Já a estaquia por galhos utiliza galhos com 10 a 15 cm e é necessário retirar todas as folhas e flores, além de cortar as extremidades dos galhos na diagonal.


A estaquia de raiz não é muito utilizada intencionalmente, mas pode ser uma boa opção quando está fazendo divisão de touceira ou replantio e ocorre a ruptura entre o caule e a raiz. O replantio da raiz pode regenerar uma nova planta.


Para realizar a estaquia de folha é necessário destacá-la com pecíolo, quando existentes, ou diretamente do limbo, quando não existentes e com muito cuidado para não esgarçar a região de corte.

Plantas que crescem por estaquia de ramos: hortelã, goiabeira, etc.

Plantas que crescem por estaquia de troncos: roseiras, aipim, etc.

Plantas que crescem por estaquia de raiz: goiabeira, jabuticabeira, etc.

Plantas que crescem por estaquia de folhas: begônias, violetas, diversas suculentas, etc.


Após a o corte, é necessário estimular a produção de raízes na nova muda. Para tal, pode-se mergulhar na água dois nós mais basais da muda que tiveram as folhas previamente retiradas. Troque a água diariamente. Outra opção é fazer uma cama de areia e enterrar esse trecho dos dois nós sem folhas, mantendo a areia sempre úmida. Em ambos os casos, as raízes já começam a aparecer em aproximadamente uma semana. Mantenha nessas condições até que tenha raízes grandes o suficiente para ser plantadas e ancorarem a muda.

Estacas de galhos podem ser mais difíceis de brotar, mas costumam a ser enterradas diretamente no substrato, soterrando no mínimo um nó. Molhar diariamente, mas sem encharcar. O enraizamento acontece quando começam a aparecer folhas novas. Para auxiliar na emissão de raízes pode-se retirar delicadamente uma parte da casca em uma das pontas e enterrá-la. É possível tentar os métodos de enraizamento de ramos, mas verificando com frequência senão está apodrecendo a ponta da estaca que ficou em contado com a água ou areia.

Após o enraizamento, selecione e prepare o vaso que vai receber a sua muda com base nas informações sobre o porte, o tipo de solo e adubação. Não se esqueça de fazer uma camada de drenagem ao fundo utilizando pedrisco, caco de cerâmica ou argila expandida.



Propagação por touceiras e rizomas

Se você for desmembrar uma touceira, um rizoma ou um estolão dê preferência a trechos com raízes bem formadas e não retire a terra que está envolta para evitar a perda das raízes mais jovens que são as mais ativas. Plante imediatamente considerando o tipo de solo que a muda estava anteriormente.


Resumindo: para aumentar a probabilidade de ter sucesso na obtenção da sua muda é preciso associar uma planta-mãe saudável, a um corte adequado da muda, à manutenção das condições de cultivo da planta-mãe para a muda obtida e à rega diária até a muda começar a crescer, mas sem encharcar. Dê preferência por substratos menos compactados para facilitar o desenvolvimento das raízes.


 

Outros tipos de propagação vegetativa


Enxertia

Na enxertia, são unidas partes de duas diferentes. Geralmente são utilizadas plantas do mesmo gênero botânico para evitar problemas de incompatibilidade entre os organismos. A união ocorre entre uma espécie que possui um histórico de possuir raízes robustas com alta capacidade de conduzir água e nutrientes (chamado de porta-enxerto ou cavalo) com outra espécie (chamada de enxerto ou cavaleiro) que apresenta caule com folhas mais vistosas, mais flores e maior produtividade de frutos, caso seja uma frutífera. Em ambos as situações, são utilizadas partes de plantas já adultas e, portanto, rígidas e lenhosas. A planta que será o porta-enxerto permanece enraizada no substrato, mas tem seu caule cortado de modo a encaixar o caule do enxerto. As duas partes cortadas são amarradas fazendo com que os tecidos envolvidos na condução de água e nutrientes fiquem em contato para que se unam e restabeleçam a condução desses elementos. Existem diversos tipos de corte para enxertia como o enxerto em T, borbulhia, garfagem, encostia.


Cuidados ao realizar enxertia:

- Utilizar instrumentos de corte bem afiados para não esgarçar a área de corte.

- Esses instrumentos devem estar extremamente limpos e desinfetados para reduzir contaminações e apodrecimentos.

- A região do enxerto deve ficar bem vedada por fitas específicas para esta finalidade de modo que permitam a manutenção da umidade, mas sem estrangular o tronco.

-Não realizar enxertos durante a floração.


O processo de enxertia confere diversas vantagens:

- Produção precoce de frutas.

- Maior resistência a pragas, doenças, seca, formando uma planta mais robusta.

- É uma forma de propagação para plantas que não se adequam a estaquia.

- São gerados troncos mais fortes e altos, o que reduz a possibilidade de quebra ou ataque por roedores.

- Um mesmo porta-enxerto pode conter mais de uma espécie de enxerto aumentando a variabilidade da produção e reduzindo o espaço utilizado. Ex: Bouganvillea de cores distintas num mesmo “pé”.


Exemplos de enxertia:

- Laranjeiras, limoeiros, jabuticabeiras, etc.

- Diversos cactos com formas distintas.




Mergulhia

É realizada em plantas que possuem caules longos e flexíveis o suficiente para que sejam dobrados até o solo e cobertos com substrato. A região a ser enterrada deve ter um anel de casca cuidadosamente retirado. Nesse local serão formadas as novas raízes o que permitirá separar a muda da planta mãe.




Alporquia

A alporquia é mais uma técnica alternativa à estaquia. Nela é estimulado o enraizamento de uma parte de um galho que ainda está preso à planta mãe e só após o aparecimento das raízes pode ser retirado e plantado originando uma nova planta.

Como fazer a alporquia

- Escolha um ramo com 1 a 3 cm de diâmetro na planta adulta. Para estimular a produção das raízes retire de 3 a 5 cm da casca fazendo um anel utilizando uma faca ou estilete bem afiado. Essa retirada da casca é superficial, não se deve escavar muito para não danificar os tecidos condutores.

- Para induzir a produção de raízes na região do anel é necessário cobrí-la com esfagno (musgo), serragem, ou substrato com húmus, umedecer bem, embalar com plástico escuro para não entrar luz e reter bem a humidade e amarar esse conjunto com barbante de modo que lembre um bombom. Conferir sempre se a região está úmida e quando surgirão as raízes.

- A hora de transplantar chega quando as raízes dentro do plástico estão numerosas. Após a realização do corte entre a muda e planta-mãe deve ser passada uma pasta cicatrizante para evitar a proliferação de fungos e bactérias. A muda obtida deve ser colocada em um vaso contendo substrato adequado e mantido nele, sem pegar sol diretamente e com umidade constante, mas sem encharcar.


Vantagens da alporquia

- Durante o processo a futura muda continua recebendo água e nutrientes da planta-mãe, portanto é um processo menos estressante e por isso é mais adequado a plantas que não toleram a estaquia.


Desvantagens da alporquia

- É uma técnica que requer mais conhecimento por parte do executor. É uma técnica demorada e que conta com alguns insucessos também. As raízes podem levar até três meses para estarem formadas.



 

Todos os métodos descritos nessa postagem utilizados na obtenção de mudas são formas de propagação vegetativa e, consequentemente, as mudas e a planta-mãe são geneticamente idênticas.


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